A Damaia é uma freguesia portuguesa do concelho da Amadora, com 1,41 km² de área e 20.591 habitantes (2001). Densidade: 14 593,2 h/km².
A Freguesia da Damaia foi criada em 11 de Setembro de 1979, mas a povoação da Damaia é muito mais antiga. O seu nome provém de uma estação Arqueológica A-Da-Maia, localizada por Afonso do Paço, mas que actualmente se encontra absorvida pelo tecido urbano.
Tem por orago o Santíssimo Redentor.
História
A área da freguesia da Damaia foi densamente povoada em tempos pré-históricos, encontrando-se aí registadas seis jazidas arqueológicas na Carta Arqueológica da Amadora.
Até à urbanização intensiva iniciada na década de 60 do século XX, a Damaia era uma pequena aldeia que se desenvolvia em torno da passagem de nível da Linha de Sintra e subia até à quinta do Palácio dos Condes da Lousã. Neste palácio do século XVIII terá residido o inventor Padre Himalaya.
Das origens até ao final da ocupação romana
Como muitas das freguesias da Amadora, a Damaia ocupa uma zona que registou uma densa ocupação desde os tempos pré-históricos, existindo registos da existência de grandes núcleos familiares. No seu actual território foi detectada a abundância de instrumentos talhados em sílex, quartzito e quartzo que são regularmente atribuídos ao período do Paleolítico Médio, tendo em conta as formas das peças e a maneira como estavam organizadas. Os vestígios mais antigos foram deslocados dos lugares onde tinham sido depostos originalmente, misturando-se os mais antigos com os mais recentes, espalhando-se em vastas áreas com a “ajuda” da lavoura.
Há contudo duas zonas de ocupação em que foi notável a abundância de instrumentos talhados: a Estação Arqueológica de Neudel e a Estação Arqueológica de Neudel Norte, qualquer uma delas com instrumentos atribuíveis quer ao Paleolítico Inferior (500.000 AC a 80.000 AC), Paleolítico Médio (80.000 AC a 35.000 AC) e Paleolítico Superior (35.000 AC a 10.000 AC).
O Período do Calcolítico foi também identificado nas terras da Damaia, tendo sido assinalados vestígios na Estação Arqueológica dos Moinhos da Atalaia, local onde surgiram importantes peças de cerâmica campaniforme.
Também no Complexo dos Moinhos da Atalaia foram registados vestígios de materiais da Idade do Bronze Final, como fragmentos de grandes contentores e elementos da Idade do Ferro, como lâminas, raspadores e lascas em sílex. Foi também descoberta uma conta de colar em pasta de vidro policromo, provavelmente de origem púnica, que atesta as trocas comerciais mantidas com os cartaginenses e povos similares.
Estes vestígios apontam para uma clara ocupação humana na Idade do Bronze e do 2º Milénio Antes de Cristo, caracterizada pelo uso mais ou menos generalizado da metalurgia nos artefactos em cobre e em ligas com base no cobre (bronze).
No entanto o maior realce vai para a descoberta dos grandes contentores cerâmicos destinados à armazenagem e de elementos de foice líticos que atestam a vocação agrícola das comunidades e que confirmam os contactos com povos da área mediterrânea e oriental já detectáveis na decoração cerâmica. Estes contactos eram principalmente veiculados por comerciantes de origem fenícia, chegados à costa portuguesa nos finais do século VIII AC, em procura de novos recursos minerais cuja existência conheciam e lhes despertava natural cobiça.
“E, na parte mais elevada delas (colinas), coloca aí uma aldeiazinha que resplandece pela alvura das suas casas, e que avulta pitorescamente pela quinta e palácio torreado dos Srs. Condes da Lousã. Chama-se o lugar: Damaia.”1
Período pós-romano até finais do Século XIX
A continuidade do povoamento fez das terras da Damaia uma área de ocupação agrícola, de cariz «saloio» e em cujas hortas se produzia muito do que se consumia em Lisboa.
Ainda nos finais do Século XIX, a Damaia era uma zona essencialmente rural, com colinas marcadas por moinhos de farinar o pão, terras de cereal e algumas quintas que faziam as delícias da burguesia lisboeta. Entre todas sobressaía a Quinta Condes da Lousã, actualmente uma das quintas com solar das mais características da região de Lisboa. Estas quintas rurais procuravam dar nas vistas, eram extremamente confortáveis e decoradas em ambiente bucólico.
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