sexta-feira, 20 de maio de 2011

FREGUESIA DA MINA

Criada em 10 de Setembro de 1979, a freguesia da Mina constitui, juntamente com a de Venteira, o centro urbano da Amadora. No princípio do século XX ainda não existia a povoação da Mina, pertencendo, então, uma grande parte do seu actual território a Belas.
A freguesia da Mina ocupa uma área de enorme valor arqueológico, onde diversos períodos se encontram documentados. Há aqui uma vasta zona onde é possível descobrir vestígios paleolíticos, pensando-se que terá havido muitos mais que, ao longo dos tempos, foram sendo deslocados para outros lugares do concelho. Refira-se que é nesta freguesia da Mina que termina o manto basáltico de Lisboa.
Ao contrário da generalidade do concelho, onde os vestígios do Neolítico são pouco significativos, no território da freguesia da Mina encontra-se um panorama de grande riqueza arqueológica. Um pouco por todo o lado apareceram sinais de povoamento dessa época e restos ligados a diversas actividades de talhe de sílex. São de realçar as ruínas de vários povoados neolíticos como os de Vila Chã, dos Moinhos do Penedo, da Espargueira e Baútas, além das conhecidas grutas artificiais de Carenque.
A povoação de Vila Chã deve ter sido, em tempos, um grande povoado neolítico, continuadamente ocupado, pois o Calcolítico foi também aí assinalado. Na zona e nas escavações efectuadas não foram encontrados sinais de muralhas, mas admite-se como muito provável a existência das mesmas, devido às características que o povoado apresenta. Nas redondezas foram identificados filões de sílex e cerâmica campaniforme. Os seus habitantes cultivavam cereais, possuíam animais domesticados e uma indústria lítica razoavelmente aperfeiçoada. O povoado devia ser de grande extensão, dividindo-se em várias zonas. A zona norte foi estudada de 1973 a 1978. A sul do povoado encontra-se o lugar de Carenque.
Foi neste último lugar que, em 1932, foram descobertas e escavadas, pelo arqueólogo Manuel Heleno, as famosas grutas artificiais de Carenque. As grutas serviam de sepulturas colectivas, em forma de câmara mortuária circular, sendo o conjunto encimado e iluminado por uma clarabóia, de forma igualmente circular. Esta necrópole, classificada como monumento nacional, é constituída por três túmulos colectivos escavados na rocha calcária. Registe-se a existência de uma galeria que comunica com a câmara mortuária através de um pequeno portal.
Perto de Carenque fica também o povoado de Espargueira que apresenta uma jazida muito extensa com cerâmica campaniforme. As escavações desta jazida tiveram início pelos alvores da década de 70. A norte da Espargueira existem outras jazidas normalmente atribuíveis ao Calcolítico. A sudeste situam-se os Moinhos do Penedo. Na zona de Carenque está ainda o povoado das Baútas. Situa-se num dos montes que dá para o vale da ribeira de Carenque. As escavações foram iniciadas pelos finais dos anos 60, prolongando-se até 1978.
Os romanos devem ter aqui chegado por volta do ano 218 antes de Cristo. Sabe-se que em toda a zona houve uma intensa exploração mineira de calcedónia, pedra utilizada em joalharia. Mas o mais importante testemunho da presença do colonizador oriundo de Roma, nestas terras da freguesia da Mina, é o surpreendente aqueduto romano. Associado àquele povo desde os finais do século XVI, a sua identificação precisa e completa apenas teve lugar em 1979, na sequência de prospecções arqueológicas. O aqueduto, de menores proporções que o das Águas Livres, corre paralelamente a este, atravessando o vale de Carenque. Devia ter o seu início na barragem romana situada no vale da ribeira de Carenque.
Em Carenque há um chafariz, construído em 1836, tendo somente um taco de pedra metido na cantaria do aqueduto das Águas Livres, de onde saía um tubo de ferro. Foram-lhe depois unidas cinco pias que se destinavam a servir de bebedouro ao gado. Os sobejos corriam para o rio. Situa-se na Rua do Olival. Junto à estrada de Carenque há um outro chafariz, este mandado construir pela Câmara Municipal de Sintra, em 1932. Existiam aqui duas nascentes, que o povo chamava "de Gargantada" e "do Pocinho", cuja água viria a ser encanada para o aqueduto também chamado da Gargantada ou de Carenque e que abastecia o palácio de Queluz.
A água parece estar na génese da povoação da Mina e também na do topónimo correspondente. O topónimo principal da freguesia provém realmente de uma mina de água, de origem basáltica, de grande pureza, uma das melhores águas que se conheciam pelos finais do século passado. A sua fama correu o país e, segundo alguns, extravasou mesmo os seus limites. António Cardoso Lopes, o Lopes da Mina como ficou depois conhecido, foi o autor do "milagre" que levou à descoberta do precioso líquido num local onde ninguém imaginaria que ele existisse. Essa mina de água foi inaugurada pelo então Presidente da República Manuel de Arriaga a 13 de Abril de 1913. Hoje, esta água ainda continua a ter grande utilidade, servindo para abastecer o lago do Parque Central. A mina, conquanto fechada, permanece no mesmo local, num parque ajardinado que tem o nome de Parque da Mina.
O celebrado Lopes da Mina era natural de Salvaterra de Magos. Foi o mais velho de treze filhos do casal Joaquim Lopes da Rosa júnior e Maria José Cardoso Lopes.

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