Diversas Mães d´Água fazem parte integrante do Aqueduto Geral das Águas Livres. A mais monumental, que se localiza no Município da Amadora, é a Mãe d´Água Nova, que marca o início do Aqueduto Geral das Águas Livres no Município. A Mãe d’Água Nova tem 17 metros de altura desde o fundo da câmara interior até à base da lanterna e 5 metros de profundidade, onde se pode aceder por uma escada de 29 degraus em meia circunferência no interior. Por fora, a clarabóia tem forma octogonal. A meio da escada, de lado, numa concavidade na rocha está a nascente desta Mãe d’Água, cujo líquido corre por uma calha separada até se encontrar com o Aqueduto da Mãe d’Água Velha, localizada no Município de Sintra.
Localização: No vale da ribeira de Carenque, entre as povoações de Carenque e do Bairro da Mina, sendo visíveis alguns troços junto ao Aqueduto das Águas Livres.
O aqueduto romano da Amadora tem sido citado por diferentes autores desde que Francisco d´Holanda a ele se referiu no séc. XVI em carta dirigida a D. Sebastião. Todavia, o conhecimento da sua localização exacta perdeu-se pelo que, até à sua recente identificação, o trajecto não estava bem determinado. Este aqueduto teria como origem mais provável a Barragem Romana de Belas (que se situa no limite do Município da Amadora). Desce o vale de Carenque seguindo um trajecto semelhante ao do Aqueduto das Águas Livres (construído no séc. XVIII), que o interceptou e que o terá destruído em larga escala. No sentido de assegurar à caleira uma pendente regular sem o recurso a obras de engenharia de maior envergadura, o aqueduto segue aproximadamente a forma das curvas de nível, conhecendo-se o seu percurso até ao bairro da Mina (Amadora), numa extensão aproximada de 1.300 metros, tendo sido identificados 14 troços. É constituído tipicamente por uma base rectangular em opus caementicium, que assenta directamente sobre o terreno. Sobre esta base foram construídas duas paredes, do mesmo material, formando assim uma caleira, que se encontra revestida a opus signinum. Um dos elementos mais importantes detectados foi uma queda de água, com um desnível de cerca 0,70 m, possibilitando uma descida acentuada da cota da caleira sem que fosse necessário alterar a inclinação da mesma. Nos trabalhos realizados, não foi identificado qualquer elemento que pudesse ter constituído a cobertura da caleira. A existência de cobertura é um dos factores que permite distinguir um aqueduto urbano de um canal de irrigação. Na Amadora o último troço conhecido dista apenas 1200 m de uma outra estação arqueológica romana, a vilae da Quinta da Bolacha, não sendo de rejeitar a hipótese de que este, ou mais provavelmente um ramal, abastecesse a referida vilae. No entanto, o cálculo aproximado do seu caudal, permitiu concluir que este é semelhante ao aqueduto de Pompeia, sendo admissível que se destinasse ao fornecimento de um aglomerado populacional de ordem de grandeza semelhante, tornando como destino mais provável a cidade de Olisipo (Lisboa), hipótese que está ainda sem comprovação arqueológica.
Localização: A Necrópole de Carenque situa-se nas imediações do Bairro dos Moinhos da Funcheira, a norte da Freguesia da Mina, no lugar do Tojal de Vila Chã, junto aos reservatórios da EPAL.
A Necrópole de Carenque é constituída por três sepulcros colectivos escavados nos afloramentos calcários do Tojal de Vila Chã, entre Carenque e os Moinhos da Funcheira. Estes sepulcros, genericamente designados Grutas Artificiais por terem sido escavados na rocha, integram-se numa tradição cultural-funerária mediterrânica, mas evidenciam também características próprias numa região que coincide, grosso modo, com o Estuário do Tejo. De entre outras necrópoles deste tipo, destacam-se as grutas artificiais da Quinta do Anjo, em Palmela, da Alapraia e de São Pedro do Estoril. Dando de alguma forma, continuidade à morfologia das antas (de que podem ver-se alguns exemplares a oeste da Necrópole, em Queluz - Monte Abraão), as Grutas Artificiais apresentam uma arquitectura característica: Têm acesso por um corredor, em regra voltado a nascente, que comunica com uma câmara funerária através de um pequeno portal de formas arredondadas. Tanto o corredor como esta clarabóia estavam cobertos por lajes de calcário, fechando a estrutura ao exterior. A construção e as primeiras deposições de cadáveres que ali estão testemunhados remontam ao final do Neolítico (4º milénio a.C.), altura em que se vivia já na região uma economia de base agro-pastoril, evoluída sob o ponto de vista das tecnologias de produção pré-históricas. Dos mortos ali sepultados pouco se sabe. Não é certo que provenham todos de um mesmo povoado ou que tenham pertencido a alguma formação social específica com acesso exclusivo à Necrópole. Dos rituais a que foram submetidos também se desconhece quase tudo, mas aceita-se, pelo que se sabe desta cultura, que nas deposições mais antigas (Neolítico Final) os cadáveres possam ter sido acocorados de encontro às paredes, em posição fetal e rodeados das respectivas oferendas. A utilização posterior da Necrópole (na Idade do Cobre), testemunhada pelo aparecimento de utensílios em cobre e de cerâmicas campaniformes, veio perturbar a disposição original das ossadas e artefactos, dificultando a reconstituição da sua disposição no recinto tumular. O espólio é constituído por algumas ossadas de indivíduos representativos dos tipos humanos que habitavam então o Sul da Estremadura. Eram maioritariamente adultos e jovens, gráceis e de pequena estatura. Recolheram-se também cerâmicas com decorações campaniformes, assim como materiais líticos e metálicos de carácter utilitário que dão acesso ao conhecimento das formas económicas e da tecnologia de que dispunham os construtores da Necrópole de Carenque. Um terceiro grupo, essencial para a compreensão da sua vida mental, é o dos materiais votivos que acompanhavam os mortos no ritual funerário, que põe em evidência uma vida simbólica de inspiração agrária muito rica. Os mais frequentes são ídolos, em regra talhados em calcário que variam desde os cilindros lisos ou decorados, às representações de utensílios como a enxó. Mas também foram recolhidas placas de xisto e lúnulas (crescentes lunares) em calcário, ambas com orifícios para suspensão. No âmbito destes materiais de carácter mágico-simbólico a tónica dominante é dada, de um lado, pelos símbolos da sexualidade e da reprodução, e por outro, pelas representações lunares, certamente em associação com as primeiras formas de calendarização do tempo, sem as quais não teria sido possível uma comunidade de agricultores-pastores organizar-se.
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